Sofia B. G.
2 min readFeb 18, 2021

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Música 1

18/02 16h47
E se desta vez fizesse diferente? Permitisse a cabeça voar. Sem um tema para salientar. Sem tentar apelar. Será que chegaria a algum lugar? Ou como receio, e por anseio não levitaria para além deste ponto.

Pin my places. Num mapa do Google sinalizo cada local visitado. Esquecer seria morrer. Mas e forçar lembrar? Perdi-me do meu centro emocional. Relembro tudo como se de igualmente relevante se tratasse.

Música 2

No 2º ciclo menti. Ballet não era para mim. A minha professora de Português sabia. Lá estava todos as Quartas às 15h e Sábados às 9h.
Numa quinta de manhã apontou o meu atraso à aula de Ballet do dia anterior. Vermelha olhei o manual de Português como se comigo não estivesse a falar. Por vezes, sinto que ainda fujo da raiva dentro de mim.

Do que estou a falar? Será que alguém me vai perceber? Voltou. A preocupação pela percepção. Mas sinto-me bem. É aqui que sempre quis estar. A escrever palavras de ninguém para alguém. Sendo que a maioria delas terá sido para mim.

Música 3

Uma Sofia pequenina que se debatia com o que sentia.

17h01
Começou a chover, torrencialmente. Tal como eu gosto. Evocando memórias de uma solidão comemorada. O silêncio de estar sozinho, consigo. A mente multiplica-se, debate diferentes versões de si.

Gostava de estar noutro lugar. Não existe lugar em que gostasse mais de estar. Contradigo-me para fazer sentido de mim. Sonho o futuro: locais e temporais, mas descalço-me para dançar na terra molhada. Lembro-me da minha irmã me ajudar a definir esta sensação. Miúdas, chamamos-lhe Síndrome da Felicidade Depressiva. Ainda hoje seria incapaz de o definir tão bem quanto o senti há 10 anos. Se tentar, será um aperto na ausência que permite um sorriso pela presença.

Nunca fiz muito sentido. Conheci algumas pessoas, suscitaram confiança na incerteza. Estou aqui agora. Continuo sem sentido, sem respostas ou definição, mas não vivo em contradição. Por vezes isso significa não ter energia para me levantar da cama. Nem para fingir um sorriso. Mero impulso para mudar. Redefinir o meu propósito.

Impossibilidades. Leio infinitas possibilidades. Incapaz de escolher. E se falhar? O humano, extraordinariamente, acabará sempre por escolher o que é melhor para ele. Não existe falha na melhor escolha possível. Somos intrespassáveis na condição de ser.

Então? Não percebo. Aquela menina de 12 anos que nunca vou esquecer. Numa noite em Cabo Verde, onde a prostituição infantil é incentivada pelos familiares. Tanta incoerência. Onde ficou a harmonia?

Revejo-me nos anos de infância. Tenho em mim ainda os 4/5 anos que sonhavam viver debaixo de água com golfinhos e sereias. E por isso, sonho com um mundo onde a justiça é o valor mais influente de uma sociedade evoluída.

Tudo é possível. O impossível apenas demora um pouco mais. — Dan Brown, em Fortaleza Digital

Música 4

17h25

(…)

2 minutos de Leitura são incapazes de demonstrar a complexidade que nos caracteriza. A cada um de nós. Vivemos uma vida para nos conhecermos. Acabamos sem conseguir.

Cá estarei para continuar a tentar.

Até à Próxima,
Sofia B. G.

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Sofia B. G.

Just one more person who likes to write and, hopefully, touch others telepathically. Help me to grow my powers. Your opinion counts a thousand volts ❤